A partir do século XX, o estudo antropológico estruturalista permitiu uma visão subliminar de padrões normativos em relação ao conceito de etnia e cultura.
De acordo com o antropólogo social Levy Strauss até o final do século XIX todo etnólogo em seus dados de pesquisa apresentava uma visão de superioridade social. Strauss destacou a importância das escolas funcionalistas nas questões do hibridismo social e cultural. Foi à partir da antropologia estruturalista que a visão multicultural e étnica expandiu o olhar etnográfico e etnológicos das pesquisas de campo.
As escolas de Frankfurt colaboraram com o término do olhar etnocêntrico. Strauss colaborou com a antropologia estruturalista e analítica de multiplicidade cultural, social e étnico. Os estudos antropológicos permitiram uma evolução multicultural entre as diferenças culturais e étnicas de determinadas sociedades.
Vale destacar que o hibridismo cultural em determinadas sociedades permite de forma analítica que o cientista social estude de forma integrativa, etnológica e evolutiva. O proposto permitiu um estudo híbrido e profundo da sociedade analisada.
De acordo com o cientista social, Juarez Xavier, as escolas antropológicas permitiram uma visão da realidade dos povos em suas diversas culturas. O autor destaca que o multiculturalismo e o conceito de etnia cultural são opiniões distintas em diferentes culturas e sociedades.
O sociólogo, Florestan Fernandez, nascido em 1920 foi um dos precursores dos estudos do período escravagista. Nascido em uma família humilde, o sociólogo estudou na USP em Ciências Sociais. Segundo Fernandez os afrodescendentes não tinham oportunidades de integrações nas sociedades capitalistas. Para o sociólogo o período escravagista mantinha uma separação entre escravos afrodescendentes e o restante da população. “Uma democracia deve ser um regime político, econômico, cultural e social que permite estabelecer igualdade entre todas as raças.” Florestan Fernandez.
Em uma entrevista ocorrida em 1984 pelo programa Vox Populi, Fernandez, ressaltou que os afrodescendentes de origem subsaariana sempre seriam os mais prejudicados no contexto social sobre luta de classes. O sociólogo afirmou ainda que além da classe social e da condição de baixo poder aquisitivo as pessoas seriam estigmatizadas e sofreriam agravos sociais e culturais.
Em 1948 o então primeiro-ministro protestante, Daniel François Malan, iniciou o regime de segregação racial na África do Sul.
O Apartheid ideologia iniciada em 1994 forçou o preconceito através de discriminações sociais e étnicos entre brancos e afrodescendentes.
O regime separatista forçava ações separatistas que mantinham os negros em zonas residenciais longe dos brancos. Os negros afrodescendentes também não tinham direito ao voto.
O sociólogo, Stokely Carnichael, foi um dos primeiros estudiosos a definir o termo racismo como institucional. Ainda segundo o teórico a estratificação social em regime de classes é um componente cultural e promove o racismo estrutural. De acordo com Carnichael raça e etnia são conceitos distintos e têm o mesmo significante.
A partir do século XX, o olhar etnológico e etnográfico permitiu um estudo aprofundado de dados geográficos e espaciais das sociedades estudadas. Devido aos conceitos empregados na escola de Frankfurt e das formações antropológicas baseados no hibridismo cultural e social pode se perceber um estudo aprofundado das etnologias sociais e conceitos multiculturais.
O estudo científico da antropologia iniciado pós segunda guerra mundial propôs uma pesquisa hiper difusionista dos problemas sociais, conceito de raça e étnicos da sociedade. Antes do século XX os estudos sociais eram baseados em dados etnográficos, etnológicos e etnocêntricos sem aspectos difusionistas e comparativos.
A questão racial e étnica no Brasil ganhou destaque após a abolição da escravatura. O cientista social, Gilberto freire, ressaltou que a miscigenação racial no Brasil foi devido a convivência entre brancos, índios e afrodescendentes. Para o cientista social na lógica não existe conceito de raça estrutural. Ainda de acordo com Freire as políticas públicas combatem o racismo estrutural através da coletividade de raças implicando em miscigenações.
A primeira constituição federal do Brasil promulgada em 1824 proibiu os escravos afrodescendentes o acesso a escolarização. A última nação a abolir a escravatura no ocidente foi o Brasil no final do séc. XX. Os afrodescendentes escravos recentes libertos não usufruíam de nenhuma inserção política, cultural e social.
Em 1850 foi vedada a compra de terras e propriedades as pessoas escravizadas. Com a abolição da escravatura aumentou a criminalização e estratificação entre pessoas negras e brancas. Muitos homens alforriados eram encarcerados devido a condição de desemprego. Alguns preferiam se manter nas senzalas.
O período pós-escravocata denotava aspectos subliminares de preconceito étnico e racial. O caráter estrutural na pós-escravatura permitiu uma desigualdade sistêmica entre afrodescendentes e brancos. Segundo o historiador, Pires e Silva, o racismo estrutural foi denotado através da negação do conceito de raça. “O racismo estrutura as relações sociais do Brasil. Uma estrutura que já existia mesmo antes do termo racismo estrutural ter nascido” Pires.
A filósofa e historiadora, Dejanira Ribeiro, destaca que existe atualmente no Brasil uma romantização das causas negras através dos conceitos de raça e miscigenação racial. Segundo a filósofa a miscigenação e democracia racial foi nitidamente romanceada no Brasil.
A historiadora pontua que o racismo misógino em grupos mais vulneráveis faz ascender a estratificação social, político e social no Brasil. Ribeiro destaca que existe uma resistência social entre as várias formas de democracia racial. A filósofa ressalta ainda que a elite branca no Brasil sustentou ao longo dos anos uma maior reflexão e ponderação nas questões étnico raciais. Ainda de acordo com a filósofa com a ideia de democratização racial o pensamento intrínseco sobre a reflexão racista faz evidenciar a supremacia elitista social branca. Dejanira exemplifica a tese interracial sobre a existência dos quilombolas no período escravocrata como uma espécie de resistência racista.