FELICIDADE EM CONCEITO

A felicidade nasce no corpo humano através do sorriso genuíno. De acordo com o pesquisador Paul Ekman o sorriso autêntico provoca sentimentos vinculados ao corpo. O historiador visitou em 1967 a cultura de Fores em Papua em Nova Guiné para avaliar o sorriso de forma genuína. Em sua pesquisa Ekman ressaltou que a tribo dos Fores sorria de forma igual ao restante da humanidade. O estudo indicou que a cultura exerce pouca influência nas expressões faciais. Ekman salientou que algumas sociedades são mais expansivas enquanto outras têm mais dificuldades de extravasar alegrias e sentimentos. Ainda de acordo Ekman o sorriso de Duchenne altera a temperatura corporal, aumenta a circulação sanguínea e há uma visível alteração no músculo orbicular. Quando ocorre o estado de felicidade corporal o pulso acelera e há um aumento de alteração hormonal. O verdadeiro sorriso de Duchenne altera o músculo zigomático alterando os cantos da boca e mantendo as sobrancelhas de forma arqueadas. Com os sintomas de felicidade acionados no organismo a sensação de euforia são percebidos. Ocorre um ligeiro aumento de vários estímulos e sintomas reativos do corpo que precedem a emoção. Essa gama de processos químicos hormonais é oriunda do cérebro. Quando sentimos felicidade e experimentamos sentimentos emocionais essas reações são involuntárias. O corpo produz reação de medo antes de existir o perigo real. O disparo do coração, a aceleração da respiração e a tendência de fuga são reações anteriores ao medo. Segundo o pesquisador Stefan Klein, o sistema nervoso involuntário é acionado no organismo através de transmissores químicos. A região do hipotálamo também é responsável pelas situações de medo, vergonha e produção de glândulas sudoríparas. O sistema nervoso involuntário e o sistema endócrino são primordiais pelo controle vital do organismo. Os sistemas reativos do corpo precedem das emoções. Os sentimentos de euforia e felicidade são percebidos por vários estímulos oriundos de processos químicos do cérebro. De acordo com o neurofisiologista Richard Davidson da universidade de Madison em Wisconsin a intensidade reativa do indivíduo as reações tanto positivas quanto negativas dependem da intensidade do hemisfério cerebral. Segundo Davidson os hemisférios direito e esquerdo do indivíduo sofrem intensidades reflexivas no dia a dia do indivíduo. A reação a estímulos adversos através de evidências alegres ou tristes capacita o estado de ânimo do indivíduo.

Em uma pesquisa médica avaliada por Davidson em um número de voluntários o pesquisador pontuou a reação dos hemisférios direito e esquerdo dos pacientes. Davidson fez uma análise sobre a reação do cérebro dos pacientes com cenas agradáveis e desagradáveis. O resultado da pesquisa ressaltou que a ação da metade direita do cérebro é sem controle das emoções, introvertidos, pessimistas e desconfiados. Enquanto os voluntários em que o lado esquerdo do cérebro é mais determinante os indivíduos são mais autoconfiantes e extrovertidos.

De acordo com o professor de psicologia da Universidade de Minneapolis existem predisposições para felicidade e infelicidade. Em um artigo publicado na revista The New Yorker em 1996 os genes têm influência sobre os estados de alegria e tristeza. A publicação ressalta que a influência dos genes interfere nas atitudes de felicidade. O neurologista Antônio Damásio ressalta que os dois lados do cérebro atuam na emoção. O lado frontal esquerdo ativa o sentimento de felicidade e êxtase. Enquanto o lado direito do cérebro aciona sentimentos e emoções negativas. Os neurotransmissores dopamina, oxitocina e beta endorfina são responsáveis pelas sensações de satisfação, desejo e felicidade. A acetilcolina e o cortisol são os hormônios do estresse, depressão e medo. Damásio afirma que as reações químicas no organismo que provocam emoções boas ou ruins não são estanques. O ser humano pode estar feliz ao mesmo tempo em que está em sofrimento profundo. As ondas orgânicas de prazer e dor não são independentes, mas são interligados. Cada cérebro possui cem bilhões de neurônios. Cada neurônio recebe o impulso de outras células cinzentas, o contato com dois neurônios gera a sinapse. Com a reprogramação mental ocorre a transformação e mudança das emoções. Com o aumento do entusiasmo do indivíduo aumenta a sensação de bem-estar físico. O sentimento de felicidade através de alterações fisiológicas aumenta a circulação sanguínea, o pulso acelera e há um crescimento de sensação de euforia. Segundo Damásio um dos segredos de felicidade é o controle das emoções negativas. “Não importa o que a vida fez de você, mas o que você fez do que a vida fez de você” Sartre.

Damásio ressalta que os neurotransmissores do desejo e satisfação a dopamina, a beta endorfina e oxitocina agem no organismo como uma verdadeira barreira contra emoções negativas. Segundo o teórico o fluir orgânico é entrar em estado de completa concentração. O cérebro das pessoas em total concentração tem baixa estimulação cortical. A expectativa da dor, tédio, ansiedade e ataques de fúria são totalmente excluídos. A mente racional controla as reações de estresse, alegria e tristeza.

Na vertente filosófica a doutrina estoica surgiu há cerca de 2 mil anos e consagra a felicidade através do domínio da paixão. De acordo com historiadores o estoicismo foi fundado em Atenas pelo filósofo Zenão de Cicio. A filosofia helenística estoica define felicidade através da capacidade do indivíduo ser resiliente perante o infortúnio. “Estamos frequentemente assustados do que feridos, e sofremos mais na imaginação do que na realidade” Sêneca.

A capacidade de superação, a valorização do deixar fluir a vida, atitudes éticas, a virtude e o desígnio são ensinamentos filosóficos estoicos e definem o sentimento de plenitude e felicidade humana.

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